quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Registro 5

     
     Finalmente minha casa esta em ordem e minha internet ok. A escola esta ficando legal.  Enturmei-me com o pessoal do Aaron.  Josh falou com o professor Natanael e eu assisti um treinamento da equipe de natação. Percebi que vai ser moleza derrubar os caras, pois eles são bons, mas sou melhor ainda. Quis fazer uma demonstração para o professor, mas ele não aceitou. Depois do treino, quando os rapazes foram para a ducha eu fui bater um papo com o professor:
     -- O que eu preciso fazer para entrar na equipe?
     Ele sorriu balançando a cabeça:
     -- Você quer mesmo isso não é?
     -- Claro que sim – respondi.
     -- Mas agora não é possível. A equipe esta completa com os 17 rapazes. A não ser que algum deles desista ou saia da escola. Escuta, tenha paciência. No final do ano alguns se formam e abrirá vagas.
     -- Mas eu quero participar do campeonato ainda este ano.
     Ele soltou uma gargalhada, me deixando impaciente:
     -- Mesmo que você conseguisse entrar para a equipe não daria tempo de treinar para o campeonato.
     -- Não preciso treinar. Sou bom o bastante para vencer qualquer um desses caipiras.
     Nesse momento Josh e outros garotos voltavam da ducha, desfiz minha cara de aborrecimento e o assunto estava morto.
     O resto da semana correu tudo bem, até ontem. Passamos a noite na casa do Aaron. O pai dele foi para Los Angeles. Aaron chamou algumas garotas e a bebida rolou solta. Claro que Sabrina compareceu. Percebi que algumas meninas não gostam dela. Ainda descubro o motivo. Aproveitei que ela estava ali e a levei para o jardim. Ela estava alterada pela bebida, mas não foi difícil deixá-la mais bêbada ainda. Depois, usei o celular de uma das garotas (o que foi muito fácil de conseguir, pois as vagabundas estavam todas bêbadas) para mandar uma mensagem ao Josh, dizendo que alguém esperava por ele no terraço. Meu coração batia rápido.  
     Peguei alguns objetos da casa sem que ninguém percebesse e coloquei em meu bolso. Joguei alguns por uma janela. Fiz tudo isso enquanto pensavam que eu estava comendo Sabrina em algum lugar. Corri para o terraço. Quando Josh chegou o recebi das sombras com um bastão de beisebol que havia encontrado na sala de estar. Ele urrou de dor e caiu ajoelhado ao chão. Eu havia batido com muita força. Queria que o golpe tivesse ao menos trincado o osso. Fugi pelas sombras largando o bastão no chão. Josh choramingava e xingava ao mesmo tempo.
     Sabrina estava sonolenta no mesmo lugar onde eu havia deixado-a. Tirei-lhe as roupas bem rápido. Seus seios eram bonitos e a vagabunda era sexy mesmo bêbada. Animei-a. Excitei-a e quando Aaron nos encontrou estávamos quase no auge. Ele parecia muito nervoso:
     -- Vocês dois, parem com isso. A casa foi assaltada e atacaram ao Josh.
     Tudo estava correndo muito bem.
     -- O que? Mas ele esta bem? – perguntei fingindo susto e preocupação.
     -- Acho que o filho da puta do ladrão quebrou o braço dele.
     Eu estava sorrindo por dentro.
     Fui com Josh e Aaron para o hospital de carro. Todos na casa juraram não contar aquilo a ninguém, pois a polícia não poderia se envolver. O lugar estava cheio de drogas. E não tinham roubado nada de muito valor mesmo. Chegaram a conclusão q        ue de deveria ter sido algum viciado. A casa não tinha sistema de segurança, mas Aaron jurou que até o fim do dia seguinte ela teria. Nunca tinha acontecido nada no bairro até então, ele disse, aqui sempre foi muito tranqüilo.
     -- Como vou participar do campeonato deste jeito? – Josh esbravejou.
     -- Não tem jeito amigão. Não com esse braço.
     -- Droga! Eu era o favorito.
     Nesse momento Josh me olhou:
     -- Mas eu não vou dar minha vaga para nenhum otário do colégio não. Vou falar com Natanael para que Goethe entre em meu lugar.

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sábado, 9 de outubro de 2010

Registro 4

    
      Fiquei algum tempo sem escrever porque minha casa ainda esta uma bagunça. Mas tudo bem, estou de volta e prometo não demorar em postar novamente. O colégio não é tão chato quanto eu imaginava. Quarta-feira comecei a moldar minha vida social por lá. Percebi que as pessoas mais comentadas e badaladas de minha classe são Aaron Stevens e Sarah Baker. Aaron é filho do comerciante mais importante da região e Sarah filha da dona de uma movimentada ípica.  Me aproximei dos dois. No começo me ignoraram, mas me ofereci para fazer o trabalho de física que a professora acabara de passar e ganhei a confiança deles. Aaron é um rapaz narcisista, mas um tanto ingênuo, tem cabelos cacheados dourados e a pele clara. Sarah é um tanto agressiva e possui olhos verdes faiscantes e cabelos lisos, longos e platinados.
     Aaron e Sarah andam com uma mini legião de puxa-sacos. Não gosto de pessoas que não possuem orgulho próprio. Quer dizer, às vezes é bom engolir o orgulho para fazer um jogo bem feito, mas tem que ser apenas atuação é claro.  Dentre os puxa-sacos encontra-se a insuportável Mitsue Konoe, suposta melhor amiga de Sarah. Aaron é amigo de Josh Backhann, que segundo algumas garotas idiotas da escola, é o melhor nadador da cidade. Essa informação me interessou, pois não desisti de entrar para a equipe da escola e conhecer estas pessoas é um começo.  Tanto é que perguntei ao Josh se eu poderia assistir algum dos treinos e ele vai conversar com o professor Natanel para conseguir autorização.
     O fato de eu vir da capital me torna interessante aos olhos desse povo e esnobar quem vale a pena esnobar esta fazendo com que as pessoas mais legais tentem fazer amizade comigo. Mal cheguei e estou causando. Ontem, depois da aula fui tomar sorvete com uma garota do segundo ano, bonita e elegante. Não sei quais são suas intenções reais, mas senti sua mão deslizar por minha perna, por baixo da mesa. Peguei em sua mãe puxei para cima, para um lugar onde cresce se for apalpado. Notei que ela ficou surpresa, mas que gostou. Sabrina Volpato gosta do perigo. Isso é um ponto fraco ou forte? Por enquanto não sei, mas se um dia precisar usar esta garota, manipulá-la, já tenho como fazer. Depois da sorveteria fomos para outro lugar. Mas isso é assunto para outro post.
 Allan Goethe.
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Registro 3

     
     "Sozinho, por enquanto"
     O colégio Caio Fernando Abreu é um dos melhores da cidade, disse Eleonora quando levava Lisa e eu para lá, mas o que eu notei no meu primeiro dia de aula foi que terei dificuldades para encontrar amigos legais. Os alunos não passam de uma massa compacta de caipiras ignorantes que mal sabem quem é Foucault e Edgar Allan Poe. Brincam pelos corredores como se fossem crianças. A primeira aula foi de História. A professora se parece com a Marina Silva. Escolhi uma cadeira aos fundos, de onde eu posso observar a classe toda. Depois de olhares curiosos a aula prosseguiu normalmente.
     Percebi alguns engraçadinhos na classe. Tem um grupo de patricinhas frescas e uma garota que mais parece a Murta Que Geme. Quando a turma saia para a próxima aula, um casal veio falar comigo. A garota não sabe se arrumar e se chama Alicia. O rapaz é forte, desajeitado e não domina a norma culta da língua, se chama Kevin. Apesar de serem simpáticos não são do tipo de pessoas que quero como amigos, por isso tratei de dispensá-los depois de receber algumas informações úteis. Fomos conversando até a sala de Língua Inglesa e descobri que para ser respeitado na escola é muito simples, basta treinar natação, ficar entre os melhores e participar do Campeonato Regional. A cidade é um símbolo da natação, algo assim. Gostei, pois pratico este esporte desde os 11 anos.
     Na aula, tratei de me sentar bem longe de Alicia e Kevin. Não quero sujar minha imagem. No intervalo desviei de Lisa no corredor e fui para a cantina. Puxei assunto com uma garota e descobri que para me inscrever na natação eu deveria conversar com um professor chamado Natanel. Não perdi tempo e procurei por ele na sala dos professores. Natanel deve ter mais ou menos 40 anos e tem um corpo todo trabalhado devido a natação. Para me desânimo ele me disse que não havia vagas na equipe e escreveu meu nome em uma lista. Agradeci e deixei a sala pensando “Não existe essa de não há vagas, para Allan Goethe”.

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Allan Goethe
     

domingo, 3 de outubro de 2010

Registro 2

     “Uma mente parada se torna perversa apenas se for uma mente brilhante”.
     A nova casa é muito clara. Eu gosto disso. As coisas para mim devem ser claras e brilhantes. É esta a cor do nada, do vazio, da doença, a cor branca. Desde criança eu tenho sonhos com um quarto muito branco. Não tem nada nele, apenas o piso, paredes e tetos claros. A exceção é uma porta vermelha na extremidade oposta a de onde estou. É um vermelho intenso como o sangue. Caminho em direção à porta, mas acordo sempre antes de poder tocar a maçaneta.
     Hoje sonhei isto novamente. Acordei com o corpo suado. Abri a janela para sentir o vento frio em minha pele, transformando o meu suor em líquido salgado gelado. Eu gosto disso. Lá embaixo, no jardim, minha irmã Lisa conversava com um rapaz. Que vagabunda! Mal chegamos e ela já esta correndo atrás desses garotos que não valem nada. Desci para tomar café e encontrei Eleonora no sofá, estirada e com cara de derrota. Não falei nada a ela. Não gostaria de começar meu dia com reclamações.
     Depois do almoço descobri que o rapaz com quem Lisa conversava é o cara que cuida do jardim. Fiquei curioso e fui até a estufa onde Eleonora guarda as rosas e outras tantas plantas que possui. Ele estava lá, com uma tesoura de jardim nas mãos. Se fosse um assassino, poderia me matar facilmente com aquilo. Fiquei imaginando como seria morrer tendo o pescoço cortado por uma tesoura daquelas. Me apresentei e ele disse se chamar Guilhermo. Ele deve ter uns 21 anos, no máximo. Perguntou se eu precisava de alguma coisa, mas neguei e respondi que estava apenas dando um passeio.
     É muito bom conhecer as pessoas que estão ao nosso redor, pois a vida é como um jogo de xadrez, onde os peões podem destruir reis. Estou ansioso por começar na nova escola na terça. Na verdade, estou ansioso por conhecer novas pessoas, novos desafios. Passar o dia todo com Eleonora e Lisa é traumatizante. Agora mesmo, vou sair com Lisa para tomarmos sorvete. Eleonora não liga. Podemos fazer o que quisermos, a não ser manchar o nome da família, mas nisso eu concordo com ela. O nome é como uma marca que deve ser protegida. Vou explorar este lugar. Já que tem que ser assim, que eu faça bem feito.

Obs: Acabei de criar um Twitter. Postarei coisas por lá também. Se quiser me seguir e jogar, fique a vontade.  @GarotoDoentio

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Registro 1


"Registros"
     Prefiro a noite. Gosto das sombras, elas me oferecem abrigo. Qualquer sinal de perigo me camuflo na escuridão. A noite é calma e é quando eu posso pensar. Estar comigo mesmo. É por isso que costumo sair todas as noites para um passeio. O ruim é que nesta maldita cidade não tem nada de interessante. Faz uma semana que estou aqui e não vi nada de que gostei. Exatamente nada. Gostaria de voltar para a capital. Estou imaginando o colégio daqui, deve ser patético. Mas tudo bem, as coisas tem seu lado bom e eu sempre descubro.
     A casa que minha mãe, Eleonora, comprou não é tão ruim. Fica em um bairro nobre da cidade e perto de um parque muito agradável, que é onde estou agora, mas nosso apartamento antigo era melhor. Minha irmã, Lisa, gostou deste lugar. Mas ela não entende nada. É uma sonsa. Não entende que Eleonora veio para cá apenas para fugir.
      Minha mãe chega a ser fútil, ás vezes. Acredita que esta pequena cidade do interior fará com que a traição pela qual foi vítima seja simplesmente apagada. Ela amava Roberto, meu ex-padrasto querido, mas o pegou em flagrante com Júlia, sua melhor amiga. Amiga! Palavra maldita esta. Não existem amigos. Não existe amizade.
     Sentindo agora a brisa suave e o cheiro da noite eu percebo que não será tão ruim assim. Me acostumarei com este lugar e conhecerei as pessoas certas. Sempre as pessoas certas. Esta na hora de Goethe renascer. E ficará tudo registrado aqui, para que a minha história nunca seja esquecida.