domingo, 3 de outubro de 2010

Registro 2

     “Uma mente parada se torna perversa apenas se for uma mente brilhante”.
     A nova casa é muito clara. Eu gosto disso. As coisas para mim devem ser claras e brilhantes. É esta a cor do nada, do vazio, da doença, a cor branca. Desde criança eu tenho sonhos com um quarto muito branco. Não tem nada nele, apenas o piso, paredes e tetos claros. A exceção é uma porta vermelha na extremidade oposta a de onde estou. É um vermelho intenso como o sangue. Caminho em direção à porta, mas acordo sempre antes de poder tocar a maçaneta.
     Hoje sonhei isto novamente. Acordei com o corpo suado. Abri a janela para sentir o vento frio em minha pele, transformando o meu suor em líquido salgado gelado. Eu gosto disso. Lá embaixo, no jardim, minha irmã Lisa conversava com um rapaz. Que vagabunda! Mal chegamos e ela já esta correndo atrás desses garotos que não valem nada. Desci para tomar café e encontrei Eleonora no sofá, estirada e com cara de derrota. Não falei nada a ela. Não gostaria de começar meu dia com reclamações.
     Depois do almoço descobri que o rapaz com quem Lisa conversava é o cara que cuida do jardim. Fiquei curioso e fui até a estufa onde Eleonora guarda as rosas e outras tantas plantas que possui. Ele estava lá, com uma tesoura de jardim nas mãos. Se fosse um assassino, poderia me matar facilmente com aquilo. Fiquei imaginando como seria morrer tendo o pescoço cortado por uma tesoura daquelas. Me apresentei e ele disse se chamar Guilhermo. Ele deve ter uns 21 anos, no máximo. Perguntou se eu precisava de alguma coisa, mas neguei e respondi que estava apenas dando um passeio.
     É muito bom conhecer as pessoas que estão ao nosso redor, pois a vida é como um jogo de xadrez, onde os peões podem destruir reis. Estou ansioso por começar na nova escola na terça. Na verdade, estou ansioso por conhecer novas pessoas, novos desafios. Passar o dia todo com Eleonora e Lisa é traumatizante. Agora mesmo, vou sair com Lisa para tomarmos sorvete. Eleonora não liga. Podemos fazer o que quisermos, a não ser manchar o nome da família, mas nisso eu concordo com ela. O nome é como uma marca que deve ser protegida. Vou explorar este lugar. Já que tem que ser assim, que eu faça bem feito.

Obs: Acabei de criar um Twitter. Postarei coisas por lá também. Se quiser me seguir e jogar, fique a vontade.  @GarotoDoentio

7 comentários:

  1. Espero que goste. Bem-vindo à vida doentia de Allan Goethe.

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  2. A vida é um jogo de xadrez onde peões podem destruir reis!

    Bela frase, e belo post!
    Parabens!

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  3. Gostei... Ah, legais suas fotos e parabéns pelo blog :) Sucesso!

    []'s

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  4. Gostei do post, tá muito legal mesmo Parabéns pelo blog ;)

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  5. Então... Parabéns pelo post, continue assim fera! até a proxima postagem. abraços

    "pois a vida é como um jogo de xadrez, onde os peões podem destruir reis"

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  6. Estava no seu outro blog e resolvi entrar nesse por acaso.
    Me surpreendi, você escreve muito bem, sabe usar as palavras e fazer quem leu a primeira linha não conseguir parar de ler. Dificilmente isso acontece comigo!

    Ótimo texto e blog!

    Abraço!!!

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